by Juarez Barbosa Juarez Barbosa

Risco pode ser conceituado como probabilidade de enfrentar algum mal, ou de um modo mais abrangente como possibilidade de um evento ocorrer gerando um efeito mensurável.

A avaliação ou Análise de Riscos visa identificar e quantificar os riscos que tenham significância de modo a ameaçar a concepção de um objetivo.

A percepção do risco varia de pessoa para pessoa podendo ser afetado por questões, pessoais, de gênero, culturais, crenças etc.

Uma peste, por exemplo, pode ser encarada como castigo divino por um determinado grupo de pessoas ou mesmo como uma questão de saúde pública por outro grupo, então eles terão diferentes percepções de risco, e tomarão decisões bastante divergentes.

Aspectos culturais exercem uma forte influência no processo decisório, que retroalimentam processos futuros, veja que a percepção do risco como é uma percepção humana, logo influenciada por valores, práticas sociais e crenças religiosas que muda de cultura para cultura.

Culturas que acreditam no determinismo vão considerar qualquer acidente como algo que já estava escrito, ou seja, não haverá nada o que fazer…

A percepção individual do risco é influenciada também por questões ligadas a personalidade, medos, aspectos psicológicos, experiências pessoais vividas, etc.

O homem sempre de alguma forma fez um gerenciamento de risco, parece ser algo intuitivo que estava ligado ao nosso DNA, visando sempre a sobrevivência.

Do ponto de vista técnico de gestão de risco, existem grupos de riscos que hoje são negligenciados por uma grande parcela importante da população, são de elevado nível de risco e até mesmo considerados inaceitáveis do ponto de vista da gestão de risco, enquanto outros são temidos enorme parcela de pessoas, mas do ponto de vista técnico estão dentro dos limites de risco aceitáveis internacionalmente, quando se leva em consideração a severidade e a probabilidade de ocorrência no âmbito de qualquer sistema de gerenciamento de risco.

Como exemplo podemos citar o risco de fatalidade decorrente do habito de fumar, que é de 5.000 fatalidades por pessoas expostas/ano e é aceito por uma grande parcela da população mundial, mas apresenta taxas de fatalidades elevadas para qualquer sistema de gestão de risco.

A tabela abaixo mostra diferentes riscos de fatalidade por pessoa exposta/ano para diversas atividades diferentes, neste caso avaliando nosso comportamento sob a ótica da percepção do risco, podemos ver que, por exemplo, existe uma parcela considerável da população que tem medo de andar de avião ou mesmo tem pavor de descargas atmosféricas, entretanto é um fumante inveterado. A percepção certa ou equivocada do risco permite que grupos de indivíduos tomem decisões que aumentam ou diminuam as chances de sucesso e o que pior algumas vezes se expõem a risco desnecessários.

Tabela de Risco de Vida

Podemos concluir que o medo ou a aversão ao risco nem sempre é embasado em avaliações racionais, isto então pode levar pessoas ou organizações à exposição de riscos inaceitáveis por puro erro de percepção.

Por outro lado, podemos também ver que a mesma percepção do risco pode levar pessoas diferentes em direções diametralmente opostas, algumas pessoas veem o risco ou o problema como oportunidade e sentem-se motivados ou até mesmo seguras de estar no controle da decisão, enquanto outros sentem se mais seguros decidindo como a maioria, abrindo neste caso mão do processo decisório pessoal (efeito manada).

Quando se toma a decisão de assumir o controle você vai necessitar fazer avaliações, escolher caminhos, ponderar riscos e enfim tomar decisões, enquanto seguir a maioria e muito fácil e só seguir…

Isto não quer dizer que seguindo a maioria vai estar consequentemente escolhendo opção de menor risco ou mesmo estar isento do risco.

Por exemplo, tem muita gente que deixa o dinheiro na poupança pensando não haver risco, achando que o fato de não haver risco compensa o baixo retorno do investimento, mas a realidade não é bem esta, no caso da Poupança no Brasil, só há garantias para depósitos inferiores a R$ 250.000,00, hoje com a criação do Fundo Garantidor de Créditos investimentos que estão cobertos pelo FGC tem o mesmas garantias e probabilidade de rentabilidade muito superior. Mesmo assim não há risco zero, para estas quantias há riscos de contratos serem quebrados por questões políticas, risco de confisco do estado como já ocorreu no passado, etc.

Grande número de pessoas limita seu portfólio de investimentos temendo correr riscos, quando na realidade não existe a condição “não correr riscos”, a notícia ruim é que bastando estar vivo você já está correndo algum tipo de risco, não só financeiro, mas todo e qualquer risco. A notícia boa é que com uma boa percepção do risco você vai obter vantagens competitivas seja no meio empresarial seja no universo pessoal.

De qualquer forma uma certeza você pode ter, é que na vida quase sempre a pior decisão é a de ficar imóvel, sem ação, achando que com isto estará imune ao risco, pois não estará. Outra decisão catastrófica é a de ignorar o risco, esta com certeza é a pior decisão, isto pode acontecer por ignorância ou por negligência.

Nem sempre é possível conhecer todos os riscos, mas isto não justifica negligenciar o gerenciamento de risco, na gestão de risco o que você está tentando fazer é usar a probabilidade a seu favor, ou seja, aumentar suas chances de sucesso.