by Juarez Barbosa Juarez Barbosa

Neste “Post” vamos abordar, “Dispositivos de Engenharia na Proteção na Movimentação de Carga com Caminhão Guindauto.”

Também conhecido como Guindaste Veicular Articulado, Caminhão Guindauto é do ponto de vista do risco nas atividades de movimentação de carga o maior risco de todos quando consideramos a frequência de exposição.

Todas movimentações de carga realizadas com Guindastes Tradicionais ocorrem de um modo geral, com um operador treinado e qualificado, com elaboração de um plano de Rigger e presença do Rigger nas maiores movimentações, presença de sinalizadores, isolamento de área.

Em contrapartida movimentações feitas com Caminhão Guindauto, não possuem mesma qualificação do operador nem o apoio logístico que acontece numa operação com Guindaste, daí o resultado de ocorrências de  maior número de acidentes com pessoas e materiais, também decorrente da maior frequência de exposição.

Estimamos que tenham 10 caminhões Guindautos operando para um Guindaste Tradicional.

Condições de Risco de Guindaste Veicular identificadas no histórico catalogado da Decibel

  • Tombamento do caminhão durante a movimentação de carga.

 Este evento ocorre devido as seguintes Condições:

  • Operar com equipamento desnivelado.
  • Operar equipamento sem patolamento ou com patolamento parcial
  • Exceder a capacidade do equipamento abrindo lança com carga acima da capacidade de projeto criando um momento superior ao que foi projetado o equipamento.
  • Terreno ceder durante movimentação alterando a inclinação do equipamento sobrepujando o limite com tombamento

 

Outra prática de risco muito frequente  identificada no uso dos guindastes veicular articulado, que não possuem dispositivos de proteção, é uma prática comumente utilizada que é do carregamento da lança no limite da capacidade de elevação com a mesma toda recolhida e depois realizar o procedimento de ir abrindo lança. Esta prática eleva o momento (Força x braço de alavanca) e chega em diversas vezes a extrapolar a capacidade de projeto do equipamento.

Outro tipo de acidente comum é o do deslocamento sem a “Patola” no berço.

Operador esquece de colocar a patola completamente no berço ou deixa de colocar a lança totalmente no berço para e se desloca com a mesma fora de posição.

Temos também vários registros de acidentes que ocorreram porque o operador esqueceu de atuar o freio de estacionamento antes de patolar o equipamento.

Para todos estes riscos já existem soluções com tecnológica em uso.

Uma Grande empresa de Mineração no Brasil determinou há alguns anos atrás, que o uso de dispositivos de segurança redução do risco para proteção do operador e terceiros deveria ser obrigatório nos equipamentos que eram utilizados nas empreiteiras que executavam obras no site da mesma.

Os dispositivos deveriam controlar:

  • Abertura de patolas antes de iniciar abertura e retirada da lança do berço
  • Controle da inclinação por inclinômetros eletrônicos de modo a permitir que a movimentação da carga ocorresse somente com o veículo totalmente nivelado.
  • Controle do momento  (F x D) durante a abertura da lança por meio de células de carga de modo a impedir sobrecargas.
  • Sinalização sonora e visual para operador se o mesmo estiver deslocando com patolas e lanças fora do berço

A simples decisão gerencial de se exigir que os equipamentos fossem dotados destes recursos, alavancou a indústria de fabricação de Guindautos que passaram a incorporar estas opções de fornecimento de dispositivos de segurança em seus produtos novos.

Então dá para se ver a importância de uma decisão gerencial desta magnitude impactando no desenvolvimento de produto nacional.

Uso do Joystick

Outra boa prática utilizada pela mesma Empresa  foi o uso de Joystick no comando do guindaste articulado de modo que permitisse que o operador operasse a distancia e ficasse a fora do raio de influência da carga.

Com uso destes dispositivos foram evitados alguns acidentes fatais, citando como exemplo 03 eventos em locais diferentes  que se não estivessem operando com Joystick provavelmente teria ocorrido a eletrocussão dos operadores que aproximaram em demasia a lança do Guindauto de linha energizadas, houveram descargas, mas os operadores nada sofreram, porque estavam operando com uso de Joystick a dez metros de distância.

Esta tecnologia hoje no Brasil pode vir embarcada nos principais equipamentos novos e pode ser implementada por empresas brasileiras nos equipamentos mais antigos.

Entretanto no Brasil, devido ao nosso atraso em relação a desenvolvimento da Engenharia de Segurança, o uso de caminhões Guindautos com toda esta tecnologia embarcada é pouco frequente e o que é pior não é uma obrigação legal.

Na Europa o uso destas proteções se tornou exigência através da norma EN 12999 de 2009, isto quer dizer que estamos no mínimo 8 anos atrasados!

Sem uma exigência legal não vamos avançar porque as empresas vão continuar comprando os equipamentos mais baratos existentes no mercado!

Nosso objetivo é salvar vidas