by Daniel Souza Daniel Souza

A intenção desse artigo é compartilhar a uma visão de um tema preocupante que é a ancoragem de andaimes, sendo este um tema amplo e abrangente, você já está convidado a deixar sua contribuição e experiências nos comentários. A norma NR-18 deixa bem claro, que andaimes com altura quatro vezes maior que a menor base, devem ser ancorados em sua maior cota.

A NBR independe desse item estabelece que andaimes, mesmo que projetados exclusivamente para cargas verticais devem resistir a uma carga mínima de 30 kgf na horizontal. Dito isso, vamos supor um andaime de base 2 metros e altura 8 metros, ou seja, o andaime está limite na NR-18, esteja sofrendo uma carga horizontal no topo. Vamos ver em temos de “Análise” sua resistência a tombamento para uma carga de 30 kgf. Vamos recorrer ao auxílio do Trame 4.0

Ou seja, as cargas na base continuam positivas, inclusive com alguma folga, por tanto, é óbvio, a norma tem uma faixa segura de trabalho, porém, qual seria a carga capaz de tombar esse andaime, façamos a verificação com a carga de 45 kgf.

Percebe-se a ocorrência de carga negativa no apoio esquerdo, ou seja o andaime está tombando. Tem-se uma folga de 15 kgf para tombamento dentro da norma, que é em torno de 50%, fator de segurança 1,5. Este exercício inicial foi apenas para ter uma noção de que o fator normativo de fato é para ser seguido, independe da Frase: “sempre deu certo”. Por tanto andaimes de 8 metros por exemplo, com bases menores que 2 metros, saem dessa margem de segurança da norma e entram em uma faixa de risco, onde pode ocorrer o tombamento. Mesmo porque na prática, nem sempre o solo é perfeito, 100% plano, e outros fatores preocupantes.

Os encarregados e supervisores de andaimes que tive a oportunidade de trabalhar até hoje, eram excelentes no quesito “travamento do andaime”. Mas a experiência me mostrou, que no universo de cobranças em que eles vivem, podem haver erros, porque em geral a cobrança mais forte em cima desses profissionais é por produtividade. Por isso a gestão de projetos em conjunto com os profissionais de segurança deve fazer sua parte assessorando a montagem do andaime e sempre conferindo se de fato o mesmo está montado conforme projeto. O bom diálogo e a boa convivência com a produção, em minha opinião são fatores fundamentais para que as coisas funcionem bem do ponto de vista de segurança, qualidade e produtividade.

Outro grande problema ao meu ver no quesito travamento de andaimes, é que no geral, as fábricas e instalações industriais não foram projetadas pensando no quesito “facilitar a manutenção”. Por isso os pontos de ancoragem de andaimes em geral são improvisados conforme instalação existente. Exemplo, quando um andaime é ancorado na parte superior de um guarda corpo existente, ali existe um risco, pois a parte superior não vai garantir “que o topo do andaime seja “indeslocável” além, de ser um “poste em balanço” com baixa resistência.

Já se por exemplo, ele é travado na parte inferior desse guarda-corpo, na base do poste, e o mesmo está fixado a uma estrutura fixa e segura, o guarda- corpo sofrerá apenas cisalhamento, sendo ao meu ver, este um ponto seguro que pode ser avaliado, nesse caso o projetista dirá se este é um ponto seguro ou não. Este exemplo simples chama a atenção para algo, a produção em campo não tem como ter essa visão estrutural, de quais seriam os pontos ideais para ancorar o andaime. Dentro da minha vivência, já presenciei situações de risco feita por profissionais experientes nesse quesito. Como não temos o mundo ideal, onde temos os pontos de ancoragem com as cargas, exige-se esforço do projeto, segurança e produtividade, para que tudo aconteça conforme planejado.

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