by Juliano Matos Ribeiro Juliano Matos Ribeiro

As últimas décadas têm sido marcadas por sucessivos avanços científicos e tecnológicos, afetando todos os setores da sociedade.

Para os trabalhos em altura não poderia ser diferente, a necessidade de um método de melhoria da qualidade, segurança, praticidade, rapidez e facilidade de acesso fez com que se desenvolvesse equipamentos e técnicas para tal atividade, com isso houver uma evolução no resgate em altura, a equipe que desenvolver esta atividade deve possuir o que chamamos de três pilares essenciais que são:

Todos estão interligados, pois caso aja quebra de algum destes itens do círculo teremos falhas irreversíveis no resgate, citamos alguns exemplos são eles:

Se tivemos os melhores equipamentos e uma boa gestão dos mesmos, mas não tivemos o treinamento para o uso do dos mesmos, não conseguiremos realizar de forma correta o resgate, se possuirmos treinamento e equipamento de primeira linha e não possuirmos uma boa gestão certamente algum deste acessório poderá falhar causando acidente irreversíveis.

Vale ainda salientar que a equipe de resgate deve possuir um bom preparo físico e psicológico e para adquirimos este preparo deveremos treinar duro com manobra técnica de alto grau de dificuldade, ou seja, a equipe deve treinar, treinar, treinar e treinar mais.

A duas formas de resgate em altura que pode ser realizada;

  • Regaste técnico tradicional: que requer do executante um treinamento e equipamento específicos;
  • Resgate com descida controlada, evacuação ou a versatilidade do resgate assistido com recursos de elevação.

Ambos as metodologias são eficazes e traz excelente resultados, e claro que, a uma enorme diferença entre elas, vamos começar falando sobre o método tradicional que vem da área de espeleologia.

Antes que qualquer atividade em altura devemos realizar um plano de resgate, este plano deverá conter alguns itens essenciais, isso poderá mudar de acordo com o cenário, são eles:

É importante salientar, que, os equipamentos deverão ser acondicionados de uma forma organizada em sacos apropriados e este devem ser inspecionados diariamente, o executante desta inspeção deverá evidenciar a mesma em um formulário.

Os seguintes equipamentos devem ser utilizados para esta atividade de resgate em altura. Vale ressaltar que estes são individuais “Kit pessoal”, são eles:

  1. Capacete;
  2. Cinto PQD ativo;
  3. Descenso auto blocante com função anti-pânico;
  4. Talabarte assimétrico;
  5. Trava queda de corda;
  6. Blocante de mão e de peito;
  7. Luvas;
  8. Pedal;
  9. Conectores

 

Os equipamentos utilizados de forma coletiva deverá ser os seguintes:

  1. Corda semiestatiza 11,5mm. OBS: recomendo que leia o post sobre cordas;
  2. Vale salientar que não podemos utilizar conectores de alumínio para a ancoragem;
  3. Maca envelope ou maca rígida;
  4. Polias simples ou duplas;
  5. Placa de ancoragem;
  6. Anel de ancoragem de tecido ou de cabo de aço;
  7. Ancoragem para vigar;
  8. Protetor de corda;
  9. Blocante;
  10. Cordelete de 6mm;
  11. Distorcedor de corda;
  12. Tripé.

Esta lista poderá mudar de acordo como cenário.

Certificação dos equipamentos.

A legislação nacional não possui uma norma especifica para alguns equipamentos utilizado para resgate em altura, estes equipamentos são tratados com auxiliares, já na Europa, são tratados como EPI de classe 3, ou seja, equipamentos que protegem contra riscos altos como o de morte, já no USA há uma norma específica para estes equipamentos a NFPA 1983.

Essa importante norma especifica requisitos mínimos de segurança para os equipamentos utilizados por equipes dos serviços de emergência durante salvamento, incêndios e outras operações que envolvam altura, especifica requisitos de desempenho, teste e certificações, requisitos para corda de segurança de vida, cordas de escape, lanças de resgate de água, cintos de segurança, equipamentos auxiliares para pessoal de serviços de emergência.

Seu padrão de testes garante uma confiabilidade acima de 99% (teste 3-Sigma). Segundo a norma, a performance dos equipamentos é dividida em três categorias: “E” (Escape), “T” (Technical Use) e “G” (General Use).

  • Escape: Equipamento designado para profissionais de serviços de emergência para escape individual, em situações onde haja risco de vida. Ex.: bombeiro que sai pela janela de um prédio em chamas, descendo até o andar inferior, onde não há fogo.
  • Technical Use: Equipamento designado para profissionais de serviços de emergência que possuem um nível de treinamento mais técnico, amplo e exaustivo, podendo beneficiar-se da leveza e menor volume dos equipamentos. Nessa categoria as cargas de ruptura são menores e os equipamentos menos robustos se comparados com os da categoria “G”, portanto experiência e conhecimento técnico são imprescindíveis para o uso seguro destes. Ex.: Equipes de resgate vertical que atuam em cavernas, montanhas, locais de difícil acesso e alpinistas industriais. Observe que geralmente são equipes formadas por especialistas, atuando unicamente nessa área.
  • General Use: Equipamentos utilizados em resgates mais simples, onde pode ser comum a ocorrência de intempéries (lama, chuva, sujeira, cantos-vivos, produtos químicos). Nesse caso, a robustez e carga de ruptura superior garantem uma margem de segurança aceitável. São equipamentos para uso de bombeiros, ou seja, equipe multidisciplinar que atua em várias áreas, incluindo verticalidade. Ex.: Salvamento em altura, resgate em espaços confinados, evacuação de emergência.

O utilizado para atividade de resgate em altura deve ter uma resistência que suporte duas pessoas ao mesmo tempo deve possuir as seguintes certificações: EN 341 classe A, CE EN 12841 tipo C, NFPA 1983 General Use ANSI Z359.4 (2013), EAC. O mesmo deve possuir as seguintes funções: anti-pânico e auto blocante, o que seria estas duas funções.

Bloqueio anti-pânico da came: O usuário do equipamento exceder uma velocidade superior a dois metros por segundo, o sistema anti-pânico efetuará o bloqueio automático da corda evitando acidentes resultantes de descidas descontroladas. A alavanca ficará solta e perderá todas as funções; para retomar o controle da descida ela deverá retornar para a posição até que se ouça um “click” – isso indica que o mecanismo foi reativado.

Kits de intervenção rápida.

Para a realização de qualquer manobra de resgate em altura devemos possuir uma boa organização dos equipamentos, isso facilita em um resgate dando agilidade ao processo. Uma equipe bem organizada reduz o tempo de exposição do trabalhador a síndrome do arnês ou trauma de suspenção, antes das montagens dos kits a equipe deverá realizar o estudo dos cenários existente, esta compilação de dados nos dá uma noção ampla dos itens que irão compor os kits.

Temos alguns exemplos de kits como: intervenção rápida para queda de nível diferente aonde o trabalhador fique suspenso.

  1. Bolsa apropriada para a guarda dos equipamentos;
  2. Corda de 11,5mm semi-estatica, como o tamanho adequado. Vale ressaltar que sempre utilizamos duas cordas uma ativa e outra passiva (figura);
  3. Anel de ancoragem de acordo com os pontos já visto no plano de resgate;
  4. Conectores de preferência tipo D com resistência de 45kn. Vale salientar que para ancoragem não devemos utilizar conectores ovais.
Manobra de intervenção rápida.

Kit para a manobra de RAPEL GUIADO, esta manobra é muito utilizada em substituição a tirolesa, a vários benefícios na utilização desta como: descida e subida controlada, preservação dos equipamentos (diminuindo tensão dos mesmos). Os equipamentos são os seguintes:

  1. Bolsa apropriada para a guarda dos equipamentos;
  2. Corda de 11,5mm semi-estatica;
  3. Descenso autoblocante e função anti-pânico;
  4. Anel de ancoragem;
  5. Conector com resistência maior de 45kn;
  6. Polia com roldanas em filas;
  7. Placa de ancoragem;
  8. Blocante;
  9. Destorcendo de corda.

Cenário.

A vários tipos de cenários na área industrial as manobras poderão se repetir ou variar isso dependerá de vários fatores, é de suma importância ter de antemão um plano de regate, ele nos antecipa a manobra a ser utilizada. Vamos agora descrever alguns cenários e exemplo de manobras que poderá ser utilizada.

No setor energético temos duas atividades que envolve trabalho em altura que é bem comum, são elas: montagem de torre de transmissão e atividade em poste de concreto.

Ambos os cenários poderão utilizar a mesma técnica, descida guiada, a utilização é bem simples de realizar, utilizaremos os seguintes equipamentos:

  • Corda de 11,5mm semi-estatica;
  • Anel de ancoragem;
  • Descenso com função auto blocante é anti-pânico, poderemos também utilizar descensores automáticos.

A utilização desta técnica consiste da seguinte forma: em uma das extremidades da corda iremos fazer um nó oito duplos, iremos instalar o descenso na corda. O descenso ficará acima da vítima e o nó como o conector ira ser acoplado a vítima, iremos fazer um leve pega para aliviar o mesmo do sistema a qual está suspensa, logo após executar esta manobra iremos descer a vítima ao solo. O pictograma do lado exemplifica bem esta manobra realizada em ambos os cenários citado acima, poderemos ter outras metodologias de resgate, isso é muito dinâmico só teremos que ter em mente que deverá ser funcional e seguro.

Na área de torre de transmissão poderemos utilizar também a manobra de rapel guiado.

 

A queda de nível diferente onde o trabalhador fica suspensor pelo talabarte é um cenário muito comum na área industrial e civil, a manobra para tirar o acidentado da suspenção inerte e simples requer do executante a habilidade de ascensão e descensão na corda, os equipamentos utilizados para esta manobra e o kit individual podemos está utilizando um kit de mini polias para facilitar a retirada do mesmo do sistema de absorverão de queda.

Para esta manobra podemos utilizar descensor automático com o auxílio de parafusadeira a bateria 18v.

 

O resgate em altura e uma área dinâmica aonde contemplamos vários cenários e cada um possui uma ou até duas ou três formas de fazer, o que devemos ter em mente, é que, não podemos colocar em risco o operador do sistema e a vítima, para temos um bom andamento no resgate devemos possui um treinamento de boa qualidade e equipamentos de primeira linha.

VALE RESSALTAR QUE É EXPRESSAMENTE PROIBIDO O USO DE FREIO OITO PARA O RESGATE EM ALTURA ESTE EQUIPAMENTO NÃO POSSUI PRÉ REQUISITOS MINIMOS DE SEGURANÇA PARA ESTA ATIVIDADE.

Nosso Objetivo é Salvar Vidas